3º Capítulo - Do You Love Me? - Falsa

Chace me arrastou segurando minha mão até o elevador e quando as portas se fecharam ele me prensou na parede, me olhava com um olhar raivoso, mas a cada segundo seu rosto ia ficando mais próximo ao meu, como alguém poderia brincar assim comigo do nada? 

Quando voltei a consciência ao invés de dar um tapa acabei dando um soco em seu rosto por reflexo, o que fez o rapaz bater na parede do elevador e cair no chão inconsciente.

-Ah, que foi que eu fiz? -Assustei-me.- Agora eu matei o cara, só pode, eu só queria tirar uma maldita acusação de mim e você morre assim? É agora que eu vou pra trás das grades!

Cheguei perto dele, abanei seu rosto, assoprei, dei tapinhas e nada. 

-Acorda, por favooooor! Aaahhh! -Gritei.

Quando o elevador parou e as portas se abriram, um moço viu a cena e ficou desesperado.

-Chefe! Chefe! Que foi que você fez com ele?

Não ia me entregar assim tão fácil.

-Ele desmaiou do nada!-Menti descaradamente.-E caiu no chão, estou apenas tentando acordá-lo!

-Desmaiou? Mas por que?

-N-N-N-N-Não sei não! -Gaguejei mais do que o necessário, estava ficando nervosa.

-Ande, me ajude a levá-lo para uma das suítes desocupadas antes que alguém veja!

-Tá!

Coloquei seu braço atrás de meu pescoço arrastando Chace até um quarto.

Enquanto isso...

-Essa intimação é falsa.

-O que? Com assim?

-Posso garantir-lhe que é, a pessoa que mandou isso só queria tirar uma da cara de vocês.

-Então aquele cara só queria brincar com ela mesmo, mas que cara de pau!

-O que a senhorita disse?

-Ah, nada não, obrigada promotor, já estou me retirando. 

Lola, sentada na mesa da cozinha estava pensativa olhando para a carta que fora deixada logo pela manhã em sua casa acusando Nana.

-Então, é falsa...Preciso avisar Nana.

Chace abria os olhos lentamente enquanto eu retirava o paninho molhado de sua testa.

-Arrghh! -Quase pulou de susto, assustando-me também.

-AIIIEE! Para com isso e deita aí nessa cama quieto! -Ordenei.

-Mas o que? Por que você está...Por que eu estou... - Olhou para suas vestimentas e agora estava com um tipo de pijama e arregalou os olhos. -Você me trocou? 

-V-Você não se lembra? -Perguntei aliviada, se não se lembrasse do soco que dei nele, eu não precisaria ficar preocupada com mais outra coisa.

-Me lembrar de que?

Desviamos o olhar para duas pessoas que entravam depressa no quarto, era Ian e este entrava na suíte desesperado ao lado de um médico.

-Por aqui doutor, ele desmaiou e agora está queimando de febre.

O medico o examinou, mediu sua pressão, a febre e realizou pequenos exercícios para observar se a batida haveria feito danos a cabeça, mas estava tudo normalizado.
-É, está fora de riscos. -Fazendo todos suspirarem de alívio.

-Acho bom vocês tomarem mais cuidado da próxima vez que forem...Vocês sabem, se entreter, se é que me entendem. -Olhando para Nana e Chace com um sorriso malicioso, deixando ambos envergonhados.

-Ah, não, o senhor entendeu errado! -Alegou Nana e ao mesmo tempo Chace disse:

-N-Não é nada disso! -Fuzilando Nana com os olhos.

-Bom, de qualquer modo, a única coisa é que sua garganta está inflamada e por isso a febre, mas por incrível que pareça, agora ele está com a temperatura estável, foi a senhorita que cuidou dele este tempo todo? -Perguntou para Nana.

-Ah, sim, mas não foi grande coisa.

-Me diga. O que você fez?

Nana ficou surpresa dele ter perguntado o que haveria feito, por que na verdade era algo tão simples. 

-Bom, na verdade eu só... -Pegou algo em sua bolsa. -Passei Vick Vaporub na sola dos seus pés e coloquei uma meia para esquentá-los, era o que minha mãe fazia, disse que não era grande coisa.

-É, mas isso acabou baixando a febre dele rapidinho, normalmente nós não acreditamos nesses remédios caseiros, mas devem realmente funcionar. -Olhou para Chace. -Agradeça a moça, agora você poderia nem ter acordado ainda e estar queimando de febre.

E Chace não sabia nem como olhar para ambos por conta de ser tão orgulhoso.

-Bom, já que está tudo bem vou me retirar, com licença. -Disse o médico indo embora sendo acompanhado por Ian enquanto Nana continuou parada, as vezes olhando para o chão, e quando seus olhos perseguiam Chace, logo desviava o olhar, pois Chace agora a encarava.

-E você? Por que continua aqui? -Falou rudemente.

Nana se desapontou, pois achava que ele ia agradecê-la e fim da história, tudo resolvido, porém nem tudo é um mar de rosas.

-Aish. -Irritou-se, mas se controlou dando um pequeno suspiro. -Preciso falar com você.
-Ah, é, deixa eu adivinhar, veio pedir esmola? -Riu cinicamente.

Suspirei novamente, desta vez de olhos fechados e ainda os mantendo comecei:

-Estou aqui por que te devo desculpas. 

Chace ficou com uma cara de espanto.

-Te devo desculpas por ter gritado com você aquele dia, em sua festa, por ter criado esse maldito rolo, os boatos e por ter me intrometido em sua vida. E também...gostaria muito de sair de sua vida, esquecer o que aconteceu nesses últimos dias, assim, esquecer tudo, tudinho, tudo mesmo, inclusive a...Intimação...-Dei um sorriso amarelado.

-Ahaaa. -Disse Chace. -Quase você me enganou por um instante, pensei em ver uma pessoa finalmente arrependida verdadeiramente de seus erros, mas vocês todos só pensam o certo quando algo começa a pressionar, não é? Que pena, pensei na retirada da intimação, mas já que é assim...Não sei não...

-Não, olha eu preciso mesmo disso.

-E eu preciso de sossego.

-Então você só terá sossego quando retirar a intimação, ou então ficarei sempre te amolando e...E criarei boatos falsos para todos os repórteres!

-Tá de brincadeira né? Agora você tá me chantageando? Eu é que tenho que te chantagear aqui!

Ian escutando berros correu até o quarto desesperado.

-Mas o que vocês dois...

-Quer saber? Eu não vou mais ficar perdendo tempo aqui com alguém que não vale a pena, tudo bem, se você quer assim Chace, ou prefere senhor Chace? Ou Vossa Alteza? Vai ser do modo difícil então! AAAAIIIISH!

Saí com os nervos a flor da pele e batendo o pé, como alguém poderia ser tão arrogante? Voltei para casa já bem tarde, entrei pela porta da frente e assustei-me com a imagem de Lola vindo em minha direção correndo e com um sorriso no rosto.

É falsa! -Disse Lola esperando que eu entendesse.

-O que? Quem é que é falsa aqui?

-É falsa Nana! Não você, cabeçuda! A intimação, é falsa.

-É falsa? É uma intimação falsa?

-É, liguei para o promotor assim que você saiu hoje e o encontrei de tarde, ele me afirmou que não temos que nos preocupar, pois a acusação não está no sistema, é F-A-L-S-A! FALSAAAAA!

Fiquei boquiaberta com a informação, então o cara só queria curtir com minha cara um pouco, talvez me ver pedir desculpas até não aguentar mais.

-Como é que esse cara faz essas coisas comigo? Ele é pior do que aquele maldito tarado que deu em cima de você! Você não sabe o que ele me aprontou hoje!

Contei quase tudo a Lola, menos a parte que Chace me jogou na parede e se aproximava do meu rosto, nunca tive uma história de amor, não me interessava nessas coisas, por isso não sabia ao certo como começar e preferi apenas esconder.

-Credo, que crápula, além de você cuidar dele, ainda te trata com tal arrogância. Então Nana, agora você pode processá-lo e nós podemos ficar super ricas! -Já pulando de alegria pensando nas verdinhas.

-Não vou fazer isso. -No momento em que Lola ouviu a negação parou a festança.

-O que? Mas por que? Esse cara está te fazendo passar por coisas horríveis esses dias!

-Eu sei, eu sei, mas eu não quero ser igual a todo esse povo nojento que só quer saber de tirar as coisas das outras pessoas, eu tenho meu orgulho também, só quero que isso termine logo e que meus dias voltem a ser como eram.

-Ah, maldito orgulho! -Disse Lola.

Chace de olhos fechados deixava a água lavar seu rosto enquanto se perdia em seus pensamentos.

Logo que saiu do banho, colocou uma roupa bem confortável, leu algumas páginas de um livro, tomou um café, olhou as estrelas em seu telescópio e se deitou no sofá com o pensamento longe e os olhos angustiados. Chace pensava em como esteve vivendo os últimos anos de sua vida tão sozinho, mas queria negar a sua própria consciência que se sentia só. Balançou a cabeça e viu o telefone piscando uma luzinha vermelha, eram as mensagens, não havia atendido o celular particular o dia todo para evitar conversar com qualquer um que quisesse saber do mau entendido.

Apertou o botão do telefone e a secretária eletrônica disse:

-34 mensagens.

Começou a escutá-las. As primeiras eram de "amigos" que souberam do envolvimento e apenas ligaram para saber e fofocar, já o resto era de sua madrasta, Susan.

-Chace, como assim você está em um relacionamento com aquela garota? Você está de brincadeira não é? Eu te criei tão bem e você me dá uma nora daquele nível? Que até arma barraco em sua própria festa? Eu não sei se é só boato ou se é verdade, ligue-me de volta já!

Havia se esquecido completamente de Susan, sua madrasta era carinhosa com ele, mas quando se tratava de escândalos, não importava se eram apenas boatos, o que ela não queria era manchar a imagem da família Louis. Algumas outras mensagens eram iguais àquela, até que ele se divertia e ria um pouco de seu desespero, até que chegou a uma mensagem que se tratava de outro assunto, ainda assim de sua madrasta.

-Chace, por que não me retorna? Sabe que odeio ficar na espera! De qualquer jeito, acho que você precisa mesmo de um casamento, mas não com aquela favelada. Onde já se viu, 28 anos e ainda fica se envolvendo com essas mulheres que só querem saber de tirar seu dinheiro e sua dignidade! Amanhã você tem um encontro de casamento com uma artista plástica, ela se chama Raquelly, tem 26 anos, sua família é muito bem de vida, lembre-se que sua esposa tem que ser alguém que faça jus a sua família.

-Pensando bem, não é uma má ideia, me livrarei dos boatos de envolvimento com aquela mulher e ainda farei com que ela desista de mim. Mas já que ela ainda não descobriu sobre a intimação, vou levar meu plano adiante, por isso, preciso fazer com que ela não saiba dos encontros. -Virou de um lado, parou, sentou, pensou um pouco e estranhou estar fazendo tanta conta daquela mulherzinha. -Mas por que cargas d'água estou pensando sobre ela? Por que estou sendo tão genioso? É só qualquer uma, não preciso me preocupar em esconder nada, é só...Só levar adiante e dar umas risadas.

Enquanto isso...

Estava a caminho da casa de Chace, não era tão difícil descobrir a casa de alguém ricaço em uma cidade pequena.

Antes disso, Lola bateu o pé que queria que eu fosse encontrá-lo e dar um susto nele por que sabia que ele não me deixaria em paz, como queria dar o troco e tirar satisfações com o cara, fui.

Quando cheguei, vi aquela casa enorme, tipo aquelas que se vê em revistas de arquitetura, era linda.

Entrei pelos grandes portões e fui até uma pequena casinha com duas janelinhas, lá tinham dois seguranças, claro, uma casa enorme não pode ficar sem os seguranças. 

-Eu preciso...Me mandaram neste endereço, Encosta Ensolarada, 09, é aqui mesmo?

-Isso mesmo, é da pizzaria?

-É, isso mesmo. -Falei na cara dura, nem sabia como poderia estar mentindo tanto ultimamente.

-Ok. Pode subir.

Fiquei impressionada por ter passado tão facilmente pelos seguranças, "Eu deveria ser agente secreto", pensei e ri.

Subi as escadas, que por sinal eram muitas, por que alguém teria tantos degraus para subir assim em sua casa? Apertei a campainha e fiquei esperando ali fora, estava frio e eu estava quase congelando, mas eu adorava ficar vendo a vista para o mar, era como uma praia particular. "Que cara cheio da grana". Pensei.

A porta se abriu e Chace me viu parada lá, em pé com uma cara de repreensão para ele.

-Por que você tá aqui? Cadê a pizza? -Perguntou Chace.

-Não tem pizza nenhuma. A questão é que você me deu um susto com essa maldita intimação falsa e agora eu quero satisfações, ou então eu vou te processar! -Expressei toda minha raiva e mais um pouco ainda para assustá-lo, mas pareceu não ter dado muito certo.

-Ah é. Descobriu então? Até que foi rápido. Te subestimei.

Irritei-me.

-Olha aqui, por que  você tá querendo se fazer de espertinho? Vê se para de ficar bancando o galã e judiando das pessoas, e faz alguma coisa que preste nesta sua vidinha infeliz, ninguém precisa de um cara chato que se sente melhor maltratando as pessoas por que não tem amigos!

-O que? Agora o escândalo vai ser aqui? -Chace ficou zangado.-Só fiz isso pra te assustar, por que você começou aquele escândalo no meu hotel, e ainda bem que meus agentes conseguiram esconder-me da mídia durante este pequeno tempo, ou então eu teria que ficar aturando mais boatos idiotas de nós dois.

-Foi só um mau entendido, um mau entendido, eu não estou fazendo isso de propósito, acha que eu gostaria de ficar olhando para sua cara agora? Acha que eu gosto de ter fotos minhas nas revistas? Não sou igual a você que só quer se aparecer, seu metido!

E no que terminei minha frase, dei um passo para trás, me desequilibrei e...

Se eu não fosse segurada por alguém, rolaria escada abaixo. Mas Chace, aquele crápula, sem sentimentos, metido e chato em questão de segundos me puxou para cima de volta com tudo, resultando com que me abraçasse.

Eu podia sentir-lo. Seu coração acelerado, sua respiração ofegante e suas mãos quentes em minhas costas.
Agora eu sentia segurança. Com cara mais chato do mundo que salvara minha vida.